ISC - Idealizado em 1993, o Instituto Salerno-Chieus nasceu como organismo auxiliar do Colégio Dominique, instituição particular de ensino fundada em 1978, em Ubatuba - SP. Integrado ao espaço físico da escola, o ISC tem a tarefa de estimular a estruturação de diversos núcleos de fomento cultural e formação profissional, atuando como uma dinâmica incubadora de empreendimentos. O Secretário Executivo do ISC é o jornalista e ex-prefeito de Ubatuba Celso Teixeira Leite.
O Núcleo de Documentação Luiz Ernesto Kawall (Doc-LEK), coordenado pelo professor Arnaldo Chieus, organiza os documentos selecionados nos diversos núcleos do Instituto Salerno-Chieus (ISC). Seu objetivo é arquivar este patrimônio (fotos, vídeos, áudios, textos, desenhos, mapas), digitalizá-los e disponibilizá-los a estudantes, pesquisadores e visitantes. O Doc-LEK divulga, também, as ações do Colégio Dominique.

LEK - Luiz Ernesto Machado Kawall (1927-2024), jornalista e crítico de artes, foi ativo colaborador do Instituto Salerno-Chieus (ISC) e do Colégio Dominique. É um dos fundadores do Museu da Imagem e do Som de São Paulo e do Museu Caiçara de Ubatuba.

29 abril 2025

Letras Ubatubenses

DEFASADO
João Paulo Naves Fernandes
Não dá tempo para ler de tudo o que recebo.
Não está havendo tempo para conversar com todos que gostaria e estou precisando.
Não encontro tempo para ler todos os livros que tenho e os que gostaria.
Falta tempo para visitar os amigos e prosear.
São muitos os lugares que desejo visitar neste adiantado da vida.
Vivo a ansiedade por tudo que não consigo.
Reconheço a profunda defasagem entre o que está oferecido diante de minha pequena capacidade.
Então, passo a vista por alto, ligo ora a um, ora a outro.
Deixo muitos livros abertos na mesa e saboreio partes de todos.
Visito pontualmente.
Assim acompanho, meio por dentro, meio por fora.
Recuso-me a correr só por correr...ainda sou eu, com meu ritmo e meu tempo.

Rumo aos 50!

Entrevista com Claudia e Eduardo Medina

21 abril 2025

Letras Ubatubenses

A PÁSCOA ATUALIZADA NA IGREJA
João Paulo Naves Fernandes
A morte vencida na esperança e a vida em despedida.
Seu nome, Francisco.
Amou tanto as pessoas, a ponto de criar uma Igreja em saída, com altares nas praças, e fiéis nas sarjetas, nos escombros das guerras.
Disse o que via sem esquivar-se aos poderosos, e sorriu muito por ter olhos bons.
Tirou apetrechos inúteis e varreu os penduricalhos nas celebrações, dirigia-se ao principal, ao Senhor Jesus, ao Pai, ao Espírito Santo.
O meio ambiente tornou-se seu verdadeiro altar, e os peixes, aves e as plantas os anjos que ornamentam o mundo.
Seu testemunho continuará ecoando nos corações dos pequenos esquecidos deste mundo.

18 abril 2025

Letras Ubatubenses

SEXTA FEIRA SANTA
João Paulo Naves Fernandes
Vou guardar-me hoje, guardar-me das palavras soltas e vãs, guardar-me das grandes distrações diante deste mundo de opressão.
Vou deter-me em mim, encarcerado às pobrezas d'alma que me afastam dos que sofrem, enquanto me divirto.
Vou questionar-me sobre a viagem da alegria que me deixou, e não a trago de volta.
Hoje observo o que fiz de minha fé, se a consumi na solidão da oração, ou se a testei junto aos mais necessitados.
Denunciar-me das eternas devoções ao lado de um mundo que sofre.
Quantas vezes Jesus Cristo deverá subir à cruz por mim?
Oh espírito fugidio...

08 abril 2025

Letras Ubatubenses

PEQUENOS
João Paulo Naves Fernandes
Somos os pequenos
conhecidos...
das pequenas presenças,
das poucas palavras.

Não nos importamos
com as modestas divulgações,
e dividimos alegremente
pequenos sucessos.

Prezamos as pequenas palavras
e aguardamos longo tempo
até que possam ser ouvidas.

Conhecemos os pequenos
ouvidos,
que se posicionam,
não incluem
o coração.

Somos das pequenas decisões
que nem precisam
ser conhecidas.

De tudo participamos
sorrateiramente.

Raros os grandes conhecidos.

A estes nossos lauréis,
nossas reverências.

Somos sonhos pequenos
que passam rápido.

Se puderes, ouça...

07 abril 2025

Letras Ubatubenses

DESPERTAR
João Paulo Naves Fernandes
Estes montes altos
que sobrevivem nas penumbras...
Estas florestas densas
sempre desbravadas...
o despertar dos grilos...
Esta noite que amanhece,
ao passear das mãos...
Este dorme e acorda
não se decide...
essa sensação de novo
no mesmo de sempre...
Essa visita de vida constante...
Este mar bravio sem margem...
Este sonhar sobre a realidade...
Esta calma da noite, absolvida...
Estas pernas que abrem e
fecham,
como conchas,
tesouros profundos...
este desejar das marés,
feitiço por terra...
esta sombra que não se assume,
estes olhos acostumando-se à luz.
Estes beijos deixados
à porta da entrada,
este convite para a manhã...