Hoje, relendo folhas esquecidas em uma velha pasta, abençoo a hora em que conheci o mais generoso português que o Brasil abrigou em seu seio. Chama-se Antônio Rodrigues Miranda, casado com dona Maria Gabriela Rodovalho, filha do Vale do Paraíba, descendente da ilustre família do Barão da Pedra Negra, de Taubaté.
Se me fosse dado adivinhar naquele momento o papel que estava destinado aos meus amigos ao longo da minha vida, eu teria escrito não à tinta, mas a ouro, os seus nomes no registro do hotel.
Deus, em sua misericórdia, nos envia seus guias bem disfarçados ao nosso encontro, para nos ajudarem. Bendita a hora em que o saudoso industrial Felix Guisard mandou-os à minha casa.
Não falo só para mim e Albino, tão ajudados por ele, mas, sim por toda a população de Ubatuba, que Miranda tanto auxiliou.
Se temos energia elétrica em Iperoig, devemos ao nobre Miranda, pois foi ele que conseguiu isso com a família Guisard, depois de fechar sozinho o negócio da compra da antiga companhia, que, em lugar de iluminar, escurecia Ubatuba.
Mais tarde surgiu o problema da água e, no meu modesto hotel, assisti à luta titânica do Miranda junto aos poderes públicos, tratando pessoalmente do caso com o Dr. Gavião Monteiro, representante do governo do Estado em Ubatuba e também meu hóspede àquela época. E ainda seria uma ingrata se esquecesse os inúmeros e continuados benefícios desse casal, cuja casa hospitaleira em Taubaté está, como sempre esteve, aberta para os ubatubenses pobres e necessitados.
Até hoje ele trabalha pelo bem de Ubatuba no anonimato, para não ferir melindres alheios. Lutou para termos o Ginásio, tornando realidade o sonho da mocidade estudiosa desta cidade, que espera agora a construção do prédio, anunciada para breve.
Sei perfeitamente que o Sr. Miranda, ao ler estas verdades escritas por mão amiga, talvez não me perdoe ter ferido a sua modéstia. Pois bem, aceito o risco dessa zanga e espero em Deus que ele compreenda porque revelei os seus feitos. Meu único intuito é deixar clara a evidência dos fatos, tendo a felicidade da dádiva de Jesus, que me concedeu o poder de poder exprimir minha gratidão E, penando nesse amigo, mergulhar no longínquo passado de Iperoig e encontrar o elemento necessário para esta crônica, dedicada a Antônio Miranda, na qual quero agradecer por tudo que fez pela nossa terra e pela nossa gente.
TERRA TAMOIA
Idalina Graça
Idalina Graça
Livraria Martins Editora, 1967
páginas 53/54
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