Texto: Celso Teixeira Leite
“Saúde e paz” são as primeiras palavras ao cumprimentar amigos e conhecidos. Transmite uma tranqüilidade de quem já esteve em muitos lugares desta vida e, aos 75 anos, diz que estas são duas palavras fortes que resumem tudo o que o homem precisa. José Vicente Doria da Motta Macedo, casado com Izabel e pai de Sergio, Antonio Augusto, Lavinia, Daniel, Maria Lucia e Paulo, com 20 netos e 14 bisnetos é um artista plástico que conseguiu fundir a vocação de escultor com a de pintor resultando em obras de arte que ganharam projeção internacional. De sua oficina no Perequê-Açu, frequentada por rolinhas que não se intimidam com a presença de estranhos e permanecem ciscando, são produzidas pinturas no entalhe encomendadas por clientes de todo o Brasil e do exterior.
Chegou em Ubatuba em 1967, teve uma convivência muito estreita com a escritora Idalina Graça, de quem foi hóspede, sua mãe espiritual e avó de seus filhos. “Provocou em mim uma evolução mental permitindo o encontro comigo mesmo”, diz.
Da Motta |
Frequentou curso com Collete Pujol, pintora de grande prestígio premiada pela Associação Paulista de Belas Artes e recebeu convite do prefeito Ciccilo Matarazzo para montar o museu pedagógico de Ubatuba. Define-se como um neo-acadêmico, mais folclorista do que religioso. As estátuas de santos estão espalhadas pelas igrejas da Ilha Anchieta (Bom Jesus), São Francisco (Ipiranguinha), São Pedro Pescador (Matriz), Santa Isabel (Ubatumirim). Sua produção é eclética e não tem idéia do número de entalhes e esculturas que já entregou, pois atende encomendas que vão desde paisagens simples da vida caiçara até santos chineses. Marca presença em Ubatuba há mais de 43 anos com sua arte exportada para Rússia, Alemanha, Itália, Canadá, Estados Unidos e Argentina, além de muitas regiões do Brasil. Defende a manutenção da nossa história e a preservação das origens na roça e não só do centro da cidade. Sua avaliação do mundo:
“Nasci católico, freqüentei umbanda e cultos evangélicos, agora sou um terráqueo. Aprendi a conhecer o ser humano, resume Da Motta.
Um comentário:
Tive o prazer de conhecer o artista, sem dúvida homem de poder expressivo, que merece todo nosso apreço e respeito, ficamos tristes com sua partida, parte o homem fica seu brilho, sua luz sua arte seu grande senso estético, importante é saber de teu trabalho e saber lê-lo, tudo está dito lá. Sinto-me grato por saber um pouco mais sobre ele, de seu encontro com o grande mecenas e com a poetisa fico ainda mais feliz em sentir-me pertencente a este pequeno grande universo, da terra, da arte, da poesia. Reitero gratidão Da Motta, esteja onde estiver ha luz, esta mesma de teu olhar que ainda brilha nos nossos olhares e corações.
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