ISC - Idealizado em 1993, o Instituto Salerno-Chieus nasceu como organismo auxiliar do Colégio Dominique, instituição particular de ensino fundada em 1978, em Ubatuba - SP. Integrado ao espaço físico da escola, o ISC tem a tarefa de estimular a estruturação de diversos núcleos de fomento cultural e formação profissional, atuando como uma dinâmica incubadora de empreendimentos. O Secretário Executivo do ISC é o jornalista e ex-prefeito de Ubatuba Celso Teixeira Leite.
O Núcleo de Documentação Luiz Ernesto Kawall (Doc-LEK), coordenado pelo professor Arnaldo Chieus, organiza os documentos selecionados nos diversos núcleos do Instituto Salerno-Chieus (ISC). Seu objetivo é arquivar este patrimônio (fotos, vídeos, áudios, textos, desenhos, mapas), digitalizá-los e disponibilizá-los a estudantes, pesquisadores e visitantes. O Doc-LEK divulga, também, as ações do Colégio Dominique.

LEK - Luiz Ernesto Machado Kawall (1927-2024), jornalista e crítico de artes, foi ativo colaborador do Instituto Salerno-Chieus (ISC) e do Colégio Dominique. É um dos fundadores do Museu da Imagem e do Som de São Paulo e do Museu Caiçara de Ubatuba.

31 julho 2015

PROFESSOR TEODORICO DE OLIVEIRA

Durante a minha ausência, tinha chegado hóspedes. Um deles conquistou-me desde logo. Simpático, alegre, dono de uma prosa que fazia muitos meses eu não tivera oportunidade de ouvir no hotel. Tornamo-nos bons amigos. Disse-me ser professor aposentado.

– Sou filho do município de Ubatuba. Nasci lá para os lados da Ribeira. Saí criança daqui, estudei e me formei, porém, na minha mocidade, lecionando por este mundo a fora, nunca esqueci minha terra; aqui estou agora, incumbido pelo governo do Estado de fundar o Entreposto de Pesca. 

O professor Teodorico de Oliveira foi o primeiro homem que conheci naqueles dias, a serviço do governo do Estado, disposto a amparar o pequeno pescador. 

Outros dias vieram. E era de ver a alegria que ele irradiava, metido em uma calça de zuarte grosseiro, camisa aberta ao peito, uma inseparável piteira nos lábios, movimentando-se entre os operários, exposto ao sol causticante, que, no dizer dele, o rejuvenescia. 

E, daquele charco de guanxuma e lama surgiram, pouco a pouco, os alicerceares do edifício que atualmente é a sede do D.E.R. 

Mas, voltemos àqueles dias, em que o progresso estava bem longe de Iperoig e nós tínhamos o sentimento de que o sol, mar, praia e luar, eram propriedades nossas. 

O professor dizia: 

– Antevejo, Idalina, que não alcançarei o progresso de Ubatuba. A idade não permitirá. Mas se você viver até lá, lembre-se de que dei o que pude para alcançar o sonhado objetivo: a proteção ao pequeno pescador. 

Ele morreu. Não sem antes ser ferido pela ingratidão dos homens. Paz à sua alma. Que os mesmos que o feriram compreendam um dia, nesta vida, como erraram e assim possam alcançar o perdão. 

TERRA TAMOIA – Páginas 88/89.

Um comentário:

Mariana disse...

Que delícia ler essas lembranças! Sou bisneta do prof. Theodorico, nao cheguei a conhecê-lo, mas ouvi muitas histórias de meu avô. Obrigada!