Prefácio do livro “Saint-Exupéry e o Pequeno Príncipe”, de autoria da Irmã Rosa Maria
Minha querida Irmã,
E assim você descobriu no Brasil, no Rio de Janeiro, alguém que foi durante catorze anos um amigo próximo de Antoine de Saint-Exupéry. Imediatamente você veio me ver, esperando provavelmente, encontrar em mim não sei que reflexo sobrenatural desse companheiro iluminado. E depois, quase timidamente, você me pediu que lesse os originais de um trabalho que você lhe tinha consagrado. Eu li esses originais e me apresso em dizer-lhe:
– Tranquilize-se, minha Irmã, e publique sem temor o seu livro.
Você não conheceu Saint-Exupéry – Saint-Ex., como nós o chamávamos – senão vários anos depois de sua morte. Você não assistiu suas apresentações de passes mágicos com baralho, você não o ouviu cantarolar velhas canções das províncias francesas – você não o viu no seu posto de pilotagem, a face suavemente iluminada pela lâmpada vermelha do painel do avião, procurar a estrela que, acima da bruma, o guiaria até o farol do Forte Juby...
Mas você leu, avidamente, sua obra. Você foi levada, por seu sopro místico, para bem longe dessa literatura desiludida que reduz o homem a algumas funções físicas. Você compreendeu que Saint-Exupéry trazia a uma juventude deprimida pela perspectiva de uma vida medíocre, o entusiasmo da alma que embeleza as tarefas mais modestas. Ela exalta sua profissão, a de aviador, que era então uma profissão cheia de perigos. Mas você leu também as páginas em que ele admira o jardineiro que cultiva suas flores com amor.
Para Saint-Exupéry o homem só cumpre sua missão neste mundo quando escapa à tentação do egoísmo, quando dá mais do que recebe, quando se abre á fé e ao amor e consente nos sacrifícios que tornam sua vida fértil.
Tudo isso você sentiu. Você o exprimiu muito melhor do que eu poderia fazê-lo nestas rápidas linhas e eu tenho certeza de que nada teria deixado Saint-Exupéry mais comovido, do que saber que uma Irmã brasileira dedicou-se à difusão dos seus pensamentos mais caros.
Queira receber, minha querida Irmã, meus respeitosos sentimentos.
– Tranquilize-se, minha Irmã, e publique sem temor o seu livro.
Você não conheceu Saint-Exupéry – Saint-Ex., como nós o chamávamos – senão vários anos depois de sua morte. Você não assistiu suas apresentações de passes mágicos com baralho, você não o ouviu cantarolar velhas canções das províncias francesas – você não o viu no seu posto de pilotagem, a face suavemente iluminada pela lâmpada vermelha do painel do avião, procurar a estrela que, acima da bruma, o guiaria até o farol do Forte Juby...
Mas você leu, avidamente, sua obra. Você foi levada, por seu sopro místico, para bem longe dessa literatura desiludida que reduz o homem a algumas funções físicas. Você compreendeu que Saint-Exupéry trazia a uma juventude deprimida pela perspectiva de uma vida medíocre, o entusiasmo da alma que embeleza as tarefas mais modestas. Ela exalta sua profissão, a de aviador, que era então uma profissão cheia de perigos. Mas você leu também as páginas em que ele admira o jardineiro que cultiva suas flores com amor.
Para Saint-Exupéry o homem só cumpre sua missão neste mundo quando escapa à tentação do egoísmo, quando dá mais do que recebe, quando se abre á fé e ao amor e consente nos sacrifícios que tornam sua vida fértil.
Tudo isso você sentiu. Você o exprimiu muito melhor do que eu poderia fazê-lo nestas rápidas linhas e eu tenho certeza de que nada teria deixado Saint-Exupéry mais comovido, do que saber que uma Irmã brasileira dedicou-se à difusão dos seus pensamentos mais caros.
Queira receber, minha querida Irmã, meus respeitosos sentimentos.
Jean-Gérard Fleury
Rio, 27 de setembro de 1973
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