ISC - Idealizado em 1993, o Instituto Salerno-Chieus nasceu como organismo auxiliar do Colégio Dominique, instituição particular de ensino fundada em 1978, em Ubatuba - SP. Integrado ao espaço físico da escola, o ISC tem a tarefa de estimular a estruturação de diversos núcleos de fomento cultural e formação profissional, atuando como uma dinâmica incubadora de empreendimentos. O Secretário Executivo do ISC é o jornalista e ex-prefeito de Ubatuba Celso Teixeira Leite.
O Núcleo de Documentação Luiz Ernesto Kawall (Doc-LEK), coordenado pelo professor Arnaldo Chieus, organiza os documentos selecionados nos diversos núcleos do Instituto Salerno-Chieus (ISC). Seu objetivo é arquivar este patrimônio (fotos, vídeos, áudios, textos, desenhos, mapas), digitalizá-los e disponibilizá-los a estudantes, pesquisadores e visitantes. O Doc-LEK divulga, também, as ações do Colégio Dominique.

LEK - Luiz Ernesto Machado Kawall, jornalista e crítico de artes, é ativo colaborador do Instituto Salerno-Chieus (ISC) e do Colégio Dominique. É um dos fundadores do Museu da Imagem e do Som de São Paulo e do Museu Caiçara de Ubatuba.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

CENTENÁRIO DE FLORESTAN FERNANDES


FLORESTAN FERNANDES nasceu em São Paulo em 22 de junho de 1920. 

De origem humilde, deixou a escola apenas com os fundamentos básicos para trabalhar e completar a renda familiar. Porém, com seu gosto pelo estudo e pelos livros retornou aos estudos formais, ingressando no curso de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo, licenciando-se em 1944. Ingressando como professor titular na USP, em 1953, destacou-se com brilhantismo na instituição onde apresentou tese de livre docência em 1964 com um trabalho que o deixou célebre: A integração do negro na sociedade de classes. 

Com “A Organização Social dos Tupinambá” Florestan se transforma num sociólogo maduro vindo sua obra, a partir de então, num crescente buscando sempre na educação um fator de integração política e social. Num texto publicado em 1959 ele reafirma suas esperanças na educação “como elemento crucial para o reajustamento do homem a situações sociais que se alteram celeremente”

Como sociólogo engajado nas lutas sociais e políticas de seu tempo, teve contribuição importante na cooperação entre educadores e cientistas sociais, examinando com minúcias sua participação e responsabilidade nos projetos de reconstrução do sistema educacional brasileiro de seu tempo. 

As preocupações educacionais acompanharam toda a trajetória de Florestan Fernandes fazendo parte integrante de suas cogitações intelectuais e práticas. Inestimável foi sua contribuição à prática educativa com sua produção sociológica teórica e seus estudos práticos de análise folclórica e de comunidade, de cunho eminentemente científico, associado à sua figura coerente e íntegra de professor, sociólogo e homem político. 

Florestan Fernandes tem, reconhecidamente, um papel central na institucionalização da sociologia como disciplina acadêmica e na conformação de um padrão de trabalho e de atuação intelectual dos cientistas sociais no Brasil. Sua concepção da sociologia como ciência marca a história da configuração de um campo especializado de estudos, a história da integração do pensamento sociológico ao sistema sociocultural brasileiro e a história das relações entre sociedade e ciência no Brasil moderno. 

No início de sua carreira acadêmica interessou-se pelos estudos folclóricos, iniciando suas primeiras publicações sobre o assunto em 1942, ainda estudante de Ciências Sociais. Passando a temas mais amplos debruçou-se nos estudos dos Tupinambá. 
Florestan Fernandes exerceu dois mandatos na Câmara dos Deputados  tendo se destacado em discussões nos debates sobre educação. Faleceu em São Paulo em 10 de agosto de 1995 em razão de complicações de transplante de fígado.

TUPINAMBÁ
Tem-se conhecimento que os primeiros habitantes da região de Ubatuba (SP) foram os índios tupinambá, na aldeia de Iperoig. Os tupinambá habitavam toda a região litorânea do Brasil e são considerados os antepassados de todas as tribos tupis que habitavam o litoral brasileiro no século XVI. Estes, foram objeto de intensa pesquisa de Florestan Fernandes que resultou em sua dissertação de mestrado "A organização social dos tupinambá" e, posteriormente, em outro desafiador trabalho "A função social da guerra na sociedade tupinambá".

Essas duas obras, hoje um tanto raras, foram escritas por Florestan Fernandes a partir de um minucioso método de leitura dos primeiros cronistas portugueses. Dali veio o mestrado, o doutorado e a livre docência, frutos de um esforço enorme, com uma visão original e uma potência mental que raramente encontram-se equivalentes.